Uma executiva comentava comigo que gostaria de continuar a crescer em sua carreira, mas não queria ser promovida a CEO da empresa. A pressão em seu cargo de vice-presidente já era muito grande. Em geral, trabalhava 13 horas, ou mais, por dia. E as críticas eram insanas. E, quando olhava para cima, via que o CEO estava em situação pior que a dela. Quem deseja ser promovido ao vislumbrar um futuro desses? No País e nas empresas, há uma carência de bons líderes.

 

Temos uma cultura que fomenta a não liderança: pouco estudo, propósitos subjetivos, ética duvidosa e pouco apreço à razão. Uma pessoa com essas características terá dificuldade de liderar a própria vida. Não vamos criar líderes com mensagens como essas para as pessoas, especialmente para os jovens.

 

Afinal, vivemos em um mundo muito complexo, e quem não estiver disposto a estudá-lo não será capaz de criar as melhores soluções para os problemas. A ideia de que alguém pode ser líder sem uma boa formação é pueril e perigosa. Líderes precisam de sólidos conhecimentos em administração, matemática, comunicação, filosofia, história, lógica, entre outros temas relevantes para a construção de soluções viáveis. Um líder que não lê livros grossos deve ser rechaçado por sua ignorância. Você nunca será um bom líder por meio de dicas, ou somente pela leitura de best-sellers, os melhores de vendas. Você precisa ler os livros “best written” (os mais bem escritos).

 

Também não é possível ser um bom gestor, se os propósitos que você defende são subjetivos. Um indivíduo que deseja ser feliz, mas não sabe como definir sua felicidade em termos objetivos, terá muita dificuldade em alcançá-la. Do mesmo modo, um gestor que não sabe comunicar de maneira clara o que deseja, por mais que seja motivador, nunca obterá algo tangível. E crescer na carreira sem se responsabilizar por pessoas, negócios e operações é um passo difícil, se não impossível, de ser dado.

 

Também não chegaremos a desenvolver líderes plenos sem fomentar a ética em todas as nossas ações. A ética é um pensamento que define nossas ações e palavras, principalmente em momentos em que uma decisão possa vir a prejudicar alguém. O pensamento mínimo que alguém tem de ter para trabalhar em uma empresa é: ganha-ganha. Ou seja, vamos fazer algo a partir do qual sairemos ganhando, mas outros também se beneficiarão: nossos clientes ou fornecedores, por exemplo. A propósito, para construir um país, precisamos de uma ética baseada no pensamento “somos um só”. Basta olhar como Mandela reconstruiu a África do Sul propagando a ideia de que não haveria vingança contra os brancos e que todos precisavam se unir nessa tarefa.

 

Por último, é improvável alguém se desenvolver como líder sem o apoio de um coach, mentor ou conselheiro. Assim como acontece nos esportes de alto desempenho, como tênis e Fórmula 1, em que os profissionais possuem equipes que os ajudam a se desenvolver e a se preservar ao longo do tempo. Só os amadores é que tentam se desenvolver sem método.

 

Portanto, se quisermos produzir líderes em quantidade e qualidade suficientes para comandar as empresas e o País, precisamos que nossa cultura fomente as mensagens que os façam florescer. Temos de parar de acreditar em heróis e desenvolver propósitos elevados, apreço pela razão e pelo conhecimento, e ter uma ética inabalável. Há muito trabalho a ser feito.

 

Vamos em frente!

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